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22.4.10

berenice me disse que não se perdoaria. e eu que sabia que era verdade sorri. escrevi um =p num guardanapo da mesa e passei ao outro lado. sei que seria impossível a ela viver ignorando esse fato. não esquecia nada. nunca. tinha a memória queu jamais invejei ter. eu que me lembro, mas gosto de esquecer. sabia nomear todos os filmes que vimos juntos em três anos passados. e com quem estávamos todas as vezes que nos cruzamos naqueles shows da ceninha, em que ela trabalhava e eu só bebia. era assim que ela vivia. e hoje, tendo dito o que disse, eu soube que não era mentira. por isso a risada e o recado. pra que também ficassem guardados. pra que fossem sempre associados a sua falta de perdão. como sei que ficariam. já que de tudo ela se lembrava. eu é que dali a três outros anos, quem sabe, lembraria mais do =p no guardanapo que de qualquer falta que ficasse sem perdão.

17.4.10

por pouco não escrevo um post sobre o todo

culpa de amaranta
que em tudo me pergunta
o quanto eu sei acredito e vejo
no tanto que desejo

e se eu pergunto quem sabe
se cabe
ou como sente
não sei se quero resposta

sei que quero uma noite
uma vida
outra coisa que sinta
uma conversa que alonga
e um pouco de tudo

e que é tudo o que a gente pode querer

10.4.10

num dia escolheu ser branco. acompanharia a vida dessa forma. se quis fazer branco pra sempre. e seguir. esquecce um detalhe simples. esqueceu que o branco carrega em si todas as cores. e o peso disso dentro dele não cabia. desabou branco na esquina. sangrou verde e azul. voou pedaços de amarelo e vermelho. a chuva caiu e varreu.

juntou-se novamente em algum bueiro da cidade branco.

9.4.10

entranhei

estranhei a rua. essa chuva não para e o frio parece que chegou. caminho poucos pingos. e passo as prateleiras com cara de quem comeu mais do que deveria. a notícia de um sanduíche me dá água nos olhos. e eu choro a beterraba desifratada. o coalho e o parma. e a volta carrega o leite e o coração na sacola. e não é saudade. é o peso da escolha. e o que não é mais estranho está tão dentro que incomoda. não se desloca mais.

solto no chão a certeza de que alheio sou eu.

5.4.10

a gente tenta estica corre pula e não dorme
mas não adianta
não tem carnaval que dure mais de cinco dias