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5.7.10

bom-dia

concordava em definitivo que não 'te amo' não é 'bom-dia'. e justamente por isso achava bonito a naturalidade com que ela conseguia dizer as palavras. chegou pensar que amava mais essa natureza que a ela. lia sempre seus recados em orelhas de livros, versos de fotos ou expediente das revistas dele. cada palavra era simples. crescia durante o texto curto. e dizia um 'eu te amo' maduro. ele relia cada deles de tempos em tempos. sobrava memória boa pra preencher de situação a tarde e o quarto. e quando de repente ouvia a porta abrir na sala, corria. abraçava e dizia 'eu te amo'. numa urgência e importância. numa carência de se mostrar. num jeito nem ensaiado, nem natural. num jeito que escapa de não se conter, quele nunca desconfiou a fizesse ocupar ruas e dias enquanto estava fora.