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30.12.07

Eu fico assim
Vejo as folhas caírem
E sinto uma brisa em mim
ela se mente dos sonhos
que se deixa viver de verdade

ela se queixa do fogo
e se deixa aquecer com a brisa

ela se guarda
nos caminhos de águas

ela segue pisando
e encontra a vida nos pés

então se enraíza e cresce
e floresce

tão bela a flor
que se esquece

6.12.07

primeira sessão de fisioterapia. você chega, preenche os papéis, espera na recepção, até que a fisioterapeuta te chama. uma galega de aparelhos nos dentes, que parece ter no máximo dois meses a mais que você, mas ainda assim é chamada de doutora, com toda a pompa que você só associa àqueles senhores carecas com estetoscópio no pescoço. primeiro passo, envolver sua mão numa manta aquecida por uma máquina de ondas térmicas.
dez minutos depois, quando sua mão já está bem quente, é a vez da ultrassom. sim, um aparelho de ultrassom que age no tecido inflamado. e pronto. terminou, até a próxima sessão. pra quem imaginou exercícos e repetições de estica e contrai, isso foi bem.. est.. diretente; mas faz você pensar em como as máquinas estão domindando o mundo.

27.11.07

em pé

entre cada solavanco
um sonho

o balanço do carro balança a carga
que vai e segue e pára e anda

sonha nos intervalos dos sinais
e vive a esperar sua hora de saltar
de vez em quando eu me pego acrditando em palavras.
aí escrevo, no verso dum papel qualquer, as benditas que me aperreiam.
às vezes funciona, às vezes não.

21.11.07

ela muda
eu gota

pingo
pingo
pingo

até que floresce o sorriso

eu rio
ela nada
no meu abraço
forte e azul

25.10.07

vinho

ela prende o fôlego e derrama o vinho
derruba o copo
derruba o corpo
tudo em volta se contorce
e ela cai

mancha a mesa, escorre pelo canto
pulsa em pingos
voando ao chão
o tinto corre
se liquefaz

o cheiro do álcool inebria
toda a sala
se embriaga
no ritmo de uma vaga
ela jazz

atura a fumaça e a luz do neon
anula a carne das veias
a garrafa cheia
de brilho e de vinho
se desfaz

sente o frio, sente a espinha
sente o atrito
em volta de si
sente um grito
e cai.

29.7.07

disseca

me leva pra tua chuva
me tira do eixo
despe a minha alma
e me tira o freio

me tira dessa dimensão
preu poder entender

traduz a minha voz,
meus movimentos
me mostra, de uma só vez,
mil sentimentos

me deixa ouvir teu samba
preu poder entender

então me toma pelo braço
me eleva
alto, e mais alto
me atravessa

me deixa ver o teu sol
preu poder entender

28.3.07

Sofia era uma borboleta

Sofia brincava comigo
Se fingia
Se abria em asas
pra se fechar em risos

Sofia não falava nada
Só me atiçava
Apertava os olhos e o umbigo
e se ia.