Páginas

Mostrando postagens com marcador um outro zé. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador um outro zé. Mostrar todas as postagens

24.4.11

eu nunca entendi bem o processo
então hoje não sei bem o que faço
me lanço no mar
me jogo sem força
e ah! eu não vejo a hora
de conseguir voar

27.9.10

pigarro

sabia que da vida alguma coisa ficava. prendia assim mesmo mais do que podia conter. reusltado é que no engasgo mais que natural lhe doia mais a pele que a espinha. e aí que tossia, com força, pra rasgar da vida os instantes que gravou nas paredes do esôfago, no pâncreas. e se muito conseguiu foi uma gastrite.

respirar é preciso, mas quemd isse que a gente sabe.

10.4.10

num dia escolheu ser branco. acompanharia a vida dessa forma. se quis fazer branco pra sempre. e seguir. esquecce um detalhe simples. esqueceu que o branco carrega em si todas as cores. e o peso disso dentro dele não cabia. desabou branco na esquina. sangrou verde e azul. voou pedaços de amarelo e vermelho. a chuva caiu e varreu.

juntou-se novamente em algum bueiro da cidade branco.

9.4.10

entranhei

estranhei a rua. essa chuva não para e o frio parece que chegou. caminho poucos pingos. e passo as prateleiras com cara de quem comeu mais do que deveria. a notícia de um sanduíche me dá água nos olhos. e eu choro a beterraba desifratada. o coalho e o parma. e a volta carrega o leite e o coração na sacola. e não é saudade. é o peso da escolha. e o que não é mais estranho está tão dentro que incomoda. não se desloca mais.

solto no chão a certeza de que alheio sou eu.

10.3.10

morada

sentado na cadeira velha o homem pensa na vida boba enquanto vê o céu mudar suas cores. na varanda da cozinha o cheiro forte das ervas na panela fervendo o chá completam a cena fatalidade do dia. de cair em si e viver só. é o que pode ser nesse fim de tarde ardido e quente, sem brisa e sopro. é o que espera a noite: uma xícara três páginas e muita falta de sono. e na dureza do chão da sala esperar as paredes encolherem até o teto se fazer um ponto branco e sem fim pra que se perca de si.

21.10.09

em algum palavra esqueceu a vontade. em alguma conversa perdeu o tesão. não sabia por que continuar. não sabia. por quê não? levantou do banco da sala. olhou pra janela do céu, na parede do quarto. fechou os olhos. respirou fundo. pulou o muro da da casa. pulou as calçadas na rua. amanhã voltaria a pensar dentro das linhas. hoje ia procurar novos olhares.

16.10.09

Iria deixar o mar balançar suas verdades. Queria que as mandasse embora. Que as levasse pra longe. Pro outro lado. E que só voltassem àquela praia quando as ondas também já lhe tivessem levado dali.

17.7.09

às vezes
quando pensava estar só
é que se descobria mundo

e ele que ouvia mais que falava
gritava!
e ria em voz alta
e sem parar

ria à sua maneira
com essa constatação
de ser mundo

de fora de si,
do seu auto-controle
existir

circulava
em cada campo do seu corpo
a vontade de rir

26.4.09

pensou que poderia ser poeta sem sentir poesia na vida. achou que o tempo passaria. nunca percebeu que a vida não é o que se espera de um samba de sexta-feira. ou de sábado. mas soube que sempre sambaria. naquele ritmo de mar. que conheceu num certo tempo.

1.3.09

choro hoje
pra sambar amanhã
pra quando a noite chegar
pra quela me ache disposto,
pronto pra sorrir

lindo. com a vida na mão.
com a fonte jorrando o azul de todas as cores
com o pé no chão
sentindo o amor no mundo.

2.6.08

luiz queria correr e dizer a ela que não. que não fizesse, que não fosse.
mas nao podia. não era a coisa deles. não era viver, assim.
ele a olhou de longe. parado naquele memso lugar onde dormiram por semanas. a via se afastar na grama ainda molhada. perdeu a vontade. baixou a cabeça. se ela estivesse a seu lado, lhe apertaria a mão. mas de longe não havia o que fazer.

ela, não sei que pensava. andava, se achava certa, creio. se determinava a não olhar pra trás. não hesitou sequer um passo.

ele aceitou seu lugar.

8.5.06

ele gostava de poesia
tomava cerveja
e discutia economia

era tudo o que achou que um dia poderia

então rompeu seu raio
pulou da sacada
sem nem olhar pro alto.
vôou por dias e mais

depois voltou
e não morreu jamais.

18.1.06

brincadeira..

Vicente abriu a porta e saiu. Queria ir à farmácia, tinha dores de cabeça e muitas outras coisas que ele não sabia o que eram. Viu uma folha no chão e continuou andando. O que era uma folha comparada aos problemas de Vicente? A antiga foto que ele trazia na memória seria partir de agora um papel em preto e branco, nada mais. O cheiro das suas lembranças não era mais o do balanço da arvore no antigo jardim, nem o da brisa no romper do ano de Boa Viagem. Era só cheiro de guardado.
Vicente não conseguia deixar suas lembranças pra trás assim como fez com aquela folha amarela no chão. Era como se o vento, que sempre o guiara nas suas tempestades agora lhe trouxesse de volta a única coisa que ele queria abandonar.
Assim que entrou na farmácia, Vicente pode esquecer da folha, esquecer de tudo o que vira na rua e pedir em voz rouca:
- Quero um comprimido para dor de cabeça.
Sem que demorasse um minuto foi atendido e devolvido ao seu caminho. Ia agora para casa. Estela vinha visitá-lo precisava está preparado. Seguiu em rumo reto sem ser interrompido por folhas, fotos ou aromas quaisquer. Chegou em casa e fechou a porta. O comprimido tinha que ser tomado rápido. Estela ia chegar em poucas horas. Não é que ela fosse a visita mais importante das que ele poderia receber, afinal, trabalhava como contador para pessoas de grande relevância política. Era, no entanto, a única pessoa de quem ele gostaria de esconder as lagrimas que não derramou.
Deitou e dormiu. Talvez isso ajudasse a sumir com a dor de cabeça ou pelo menos melhorar sua aparência. Foi um sono pesado apesar de breve. As melhores três horas que Vicente desde a ultima quarta feira. Levantou-se para tomar banho. A dor de cabeça não tinha passado. E seu semblante também não parecia menos mórbido. O banho também não ajudou. Mal tinha colocado a roupa quando Estela bateu à sua porta. Atendeu. Fez com que se sentasse. Andou começar o jantar.
Estela bateu à porta nem meia hora depois. Entrou e foi à cozinha. Vicente não lhe dirigiu a palavra, ou o olhar. Continuou nos afazeres que não o ocupavam. Ela sentou-se na cadeira. Ficaram assim. Ela encarava-o. Ele fugia-lhe.
- O jantar está pronto.
Foi assim que ele terminou a conversa. Sentou-se. Serviu os dois pratos mecanicamente. Ele comia. Ela o viu terminar o prato sem levantar o talher. Ele não conseguia responder ao seu olhar.
- Pare!
- Não quer que eu coma?
- Você sabe do que eu falo.
Vicente então levantou o olhar. Não poderia mais fugir? Estela se levantou. Seu prato intocado esfriava. Vicente não o retirou da mesa. Queria, mas não podia. Não sabe o que lhe impedia de fazê-lo. Talvez a mesma coisa que o impedia de encará-la.
- Ela morreu.
- Não repita coisas para me ferir. Coisas que eu já sei!
- Parece que não se lembra.
- Eu lembro e sofro cada vez que lembro.
- Não precisa. Você não precisa se acabar.
- Mas talvez eu devesse.
Essa palavra reiniciou a conversa. Era Vicente, entretanto, que encarava Estela dessa vez. Seu olhar não tentava fugir. Estela se dirigiu à sala. Abriu a porta e saiu. Deixou-a aberta. Mas não conseguiu entender porque. Talvez achasse que ele aseguiria. não teve certeza.
Vicente não se moveu durante todo esse tempo. Nem mesmo fechou a porta. Simplesmente sentou ao lado frio de Estela. E não chorou.


num faço muita prosa, mas a comecei brincando e quis ver no que dava.