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23.8.04

Caminhos sem rumo
Corações sem vida
Vidas sem rumo
Corações. Oh, corações
Os rumos do ser
As batidas seguras
As viagens do nada

22.8.04

Pouco me importa a conversa alheia
A mulher que passeia
O verme na areia
O sol que clareia
Os girassóis na clareira
A dondoca que se maqueia
O sangue fora das veias
Os golpes de capoeira
Pouco me importa que o mundo não pare
Que ninguém repare
Que o casal se separe
Que o amor quase se acabe
Que poluam os ares
Que a ferida não sare
Que o meu time não marque
Que o meu medo me encare
Que nada se compare
Pouco me importa a história esquecida
A batalha perdida
As paixões mal vividas
A esperança rendida
A palavra reprimida
A trilha escondida
A alma retorcida
A discórdia das torcidas
A desilusão nas partidas

Lampejos da vida ao meu olhar
Imagens perdidas em todo lugar
Verdades escondidas ao meu redor
Não, penso, não ajo, sou alma, sou pó
Sou negação do que eu era
Sou resquício de humanidade
Rogo por piedade, não vejo resposta
Escrevo o que vem na cabeça
Pra acalmar essa mente insana
Faço-a pensar que há saída
Faço-me pensar que ela me chama
Não há voz, nem amor que nela resida
Há apenas saudade, de seu lampejo
Da sua luz que um dia me iluminara
A poucos dias, por poucos dias
Por toda uma vida

19.8.04

Escrever é fácil.

É rimar simples.
Para firmar espaços.
Ocupar os traços.
Tornando menores os fatores.
Fazendo pouco dos amores.
Destruindo esperanças.
Reinventando crianças.
Esquecendo futuros.
Desvendando o escuro.
Sabendo de tudo.
Tapando o sol com a peneira.
Vivendo da minha maneira.
Falando asneira.
Para leitores atentos.
A cada momento.
Olhando palavras.
Captando falácias.
Maquiando verdades.
Ultrajando vaidades.
É tudo.
Acabaram as linhas.
Que burrice a minha.
Pagina terminada.
Não falei foi nada.

On I b us

Solavancos, buraco, balanço
Reflexão fosca
Barulho, heterogenia, sujeitos
Pensamento confuso
Paradas, partidas, uma só rota
Caladas, luzes, uma só nota:
10!NTERESSE
Contra-mão, curvas...
A vida...Para onde se vira?

16.8.04

céu azul...

“Ah, o céu do amanhã será azul...”
Escutei essa frase numa música. Intrigou-me a colocação. Por que a ênfase no futuro? Não foi azul o céu de hoje, nem fora assim o de ontem? Esta questão me rondou a imaginação, até que o óbvio me surgiu: a ênfase não está no amanhã, e sim no azul do céu. (perdoe-me o autor se eu estiver enganado, pois desconheço a música por completo, mas é esta a minha interpretação). É claro, não importa quando ou como, o céu estará sempre azul. Hoje, amanhã. Até nos dias nublados, pois é nesses dias que ele está mais azul, nós é que não conseguimos vê-lo. Mas na minha frase – o céu estará sempre azul – reparei que novamente devo mudar o foco. Agora o céu e o azul são secundários. Passa a ser principal a idéia de sempre. O céu é apenas uma constante no mundo, mas a previsão do tempo só menciona o sol ou a chuva, as nuvens. E o céu? Será que sua função é simplesmente ostentar nuvens carregadas ou um grande e brilhante sol? O azul do céu está sempre lá, lá em cima, mesmo que não olhemos para ele. Mesmo que ninguém pare para reparar nele. Tomar um segundo que seja para aproveitar sua beleza e sua constância. Talvez seja por isso que não o notamos, é constante. Talvez por isso damos maior importância ao sol, à chuva, às nuvens; às nem vemos o céu direito. Talvez agora entenda também outra frase da mesma música, que completa o significado da primeira: “esse céu azul que eternamente brilhará”. O céu será sempre azul, sempre vai brilhar, sempre estará lá. Nós é que não percebemos sua beleza. Não importa quanta importância é dada a esse fato, estará sempre lá. Resta a pergunta: será que nós teremos para sempre a capacidade de vê-lo assim, para sempre?

2.8.04

...

por quanto tempo mais terei que esperar
eh agora? eh agora? naum sei mais
naum sei falar, o que? naum sei fazer, o que?
naum meadianta querer te ver por mais de um segundo
voce, que criou meu mundo imundo, naufragado no ocidente difundo
tirando de mim a paz, que paz?
desconhecida!
naum sou capaz de mais que isso
te ver, te imaginar, te querer, teadorar
tal qual bandeira, taum verdadeiramente, somente