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22.6.08

Hoje, depois de muito tempo resolvi ver um jogo de futebol na tv. Mas ver de verdade, como costumava fazer quando era adolescente. Fiquei apreensivo antes do começo do jogo. Não aquela apreensão de saber se o craque do time vai fazer aquele gol; ou porque o time adversário é forte; nem porque seu time do coração depende desse resultado pra se manter vivo na competição. Fiquei pensando como seria revisitar um velho hábito. Será que seria a mesma empolgação? A mesma adrenalina de quem grita baixinho pra não acordar os pais que estão dormindo?

Aí fiquei pensando. Será queu vou voltar a acompanhar o time. Torcer contra a equipe que está na frente no campeonato. Acompanhar todos os times da tabela jogo por jogo, pra imaginar como vai ser a próxima partida. Acho que a gente sempre se pergunta: como será que você seria se não tivesse perdido aquele hábito da infância ou da adolescência? Se não tivesse acabado aquele namoro, se não tivesse escolhido fazer jornalismo? Será que ainda seria a mesma pessoa, teria feito os mesmos amigos, comprado os mesmos discos e lido os mesmos livros? Será?

Foi pensando nisso queu esperei o jogo começar. Foi bom! Vez por outra me vi levantando o braço, sentindo aquele impulso de xingar o juiz. Comemorei dois gols contra o Vasco. E no intervalo ainda fui lembrado de duas decisões históricas (que lembro de ter assistido ao vivo em 1999 e 2000). Fiquei feliz com a vitória, vim na Internet olhar a classificação na tabela. Vi contra quem vão ser os próximos jogos, fui ver como as equipes vêm se apresentando.

Mas nem sei se vou ver o próximo jogo. Acho quessas coisas são sempre assim, né? Como uma recaída. Ficar de novo com aquela menina que você tinha dispensado; fumar só aquele último cigarro. Têm um gosto especial, talvez um saudosismo. Mas não é a mesma coisa. Não digo que foi decepcionante, mas não teve o mesmo efeito. Então eu penso: o que será que mudou? Ou, mais precisamente, quando foi que esse seja lá o que for mudou?

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