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2.6.09

cinco passos dele, três dela. um pouco a diferença de tamanho, um pouco o esforço quele fazia para não pisar nas linhas. não fazia sempre, mas naquela calçada era inevitável. estivesse atrasado como fosse, corria apenas o suficiente para pisar uma vez em cada quadrado branco.

hoje ia com renata e com calma. conversavam sobre qualquer coisa desde a descida do ônibus. como sempre discordavam. mas naquela rua, seus argumentos iam no passoa das linhas em que não pisava. os dela, na pressa de o alcançar. as mãos não se davam. ela gesticulava, olhando mais para a rua que para a frente. os olhos dele no chão.

veio a esquina. o sinal. os carros correndo seu som de girar. pararam ali. esperavam silêncio e vermelho para continuar. não se olharam para confirmar, mas sabiam que a partir dali não discutiriam mais. assim como os quadrados na calçada justificavam os passos dele. ela tinha mania de deixar os espaços decidirem quando os assuntos se esgotavam. e cruzar aquelas portas a faziam mudar de assunto sempre. um comentário qualquer. sobre o piso, as escadas ou a janela. um 'vou ao banheiro', ou até o silêncio faria ambos esquecerem a conversa anterior. 'em que mesa?' serviu dessa vez.

sentaram ao canto. mesa pequena, sob a janela grande. a mesma de sempre. de frente um para o outro. capuccino e biscoitos, expresso duplo e croissant. outra conversa vazia. agora cheia de olhos e mãos. o filme que viram na semana passada ainda estava em cartaz.

2 comentários:

milena disse...

Conversa de elevador...

rodrigo martins disse...

nem sei se entendi. mas acho que concordo.